Escapando do Crowd

Tenho encontrado uma nova paixão por surfar em lugares completamente remotos, descobrir novas ondas que talvez ninguém nunca surfou e sentir a adrenalina de fazer algo pela primeira vez.

Foi então que começou a saga de procurar no mapa possíveis praias, ver se é seguro para surfar, imaginar se a onda funciona ou não, descobrir a melhor maré, melhor direção de swell, melhor vento e por aí vai.

Descobrir, essa é a palavra para essa fase do meu surf (e da vida haha). Lidar com aquele medinho de todos os riscos que o “novo” envolve, junto com o sonho de surfar uma onda perfeita completamente sozinha. Então para isso, esquece forecast, beach cam, ajuda pra dizer onde tem pedras ou correntes perigosas. Sem estacionamento, sem ducha pós surf e muitas vezes sem sinal de telefone caso aconteça algum acidente. Alguns chamariam de loucura, outros de sonho.

“Sem estacionamento, sem ducha pós surf e muitas vezes sem sinal de telefone caso aconteça algum acidente…”

Antes de mais nada, só para esclarecer, definitivamente eu nunca fui o tipo de pessoa que gosta de longas caminhadas ou trilhas pesadas. Conheço muitas pessoas que gostam, até admiro, mas nunca entendi muito, sempre me senti mais a vontade remando 3 horas do que caminhando 30 minutos. Enfim, ironia do destino ou não, a minha frustração em surfar em meio a grandes crowds, muitas vezes vendo brigas e estresses, falta de respeito com os outros e com a natureza, me fez querer fugir de tudo e voltar a me conectar com a verdadeira essência do surf. Acredito que cada um pode ter a sua, mas todos concordam que o verdadeiro espírito do surf está bem longe de gritaria, cara feia e violência no outside né?

“Enfim, ironia do destino ou não, a minha frustração em surfar em meio a grandes crowds me fez querer fugir de tudo e voltar a me conectar com a verdadeira essência do surf…”

Foi então que junto com meu parceiro, descobrimos um pedacinho de paraíso, em algum lugar do “litoral europeu”, uma praia que parece ter saído diretamente do filme "Senhor dos anéis”. À primeira vista parecia indonésia com água fria. Linhas perfeitas, direta de um lado, esquerda do outro e um canal gigante no meio para chegar no outside sem nem molhar o cabelo. Parece história de pescador mas irei provar no meu próximo vídeo!

“À primeira vista parecia indonésia com água fria…”

Porém no dia estava sem prancha e apenas desbravando a trilha. “Mas claro que vamos voltar aqui com prancha essa semana". E então foi aí que a saga começou! Lá se foram 5 tentativas, de após fazer toda a trilha, chegar na praia e ver que as condições não encaixavam de novo, e de novo. Cade a “indonesia”? Às vezes muito grande ou muito pequeno, às vezes fechando, com maré muito cheia ou muita pedra na seca. Mas aquela visão das esquerdas perfeitas quebrando sozinhas não saia mais da minha cabeça.

Até que enfim depois de algumas tentativas frustradas e quase achar que foi um oásis no deserto, finalmente encaixou! Maré certa, vento certo, ondulação certa. Parece simples, porém combinar duas forças extremas da natureza não é tão comum em alguns lugares.

“Lá se foram 5 tentativas, de após fazer toda a trilha, chegar na praia e ver que as condições não encaixavam de novo, e de novo…”

Senti o que não sentia há muito tempo! Um completo senso de liberdade, eu e a natureza, eu e a endorfina tomando conta do meu sangue. Uma mistura de medo com prazer, já não sabia se estava surfando, dançando ou meditando. Sem crowd na frente atrapalhando, sem local para se preocupar com a hierarquia do pico, no stress, apenas surf… Apenas a pura essência, como deve ser, ou como deveria de ser.

E fica a pergunta, será que em um planeta que é 70% água, quantas ondas perfeitas ainda estão completamente intocáveis ?

“Apenas a pura essência, como deve ser, ou como deveria de ser…”

PS: vou mostrar tudinho no primeiro vídeo no meu canal sobre essa nova busca insaciável por lugares remotos ao redor do mundo.

E por último mas não menos importante, não adianta perguntar porque não falarei onde é hahahha E desejo boas ondas para quem leu até aqui!

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